Férias: oportunidade de encontros em família

“Enfim, chegaram as férias!”, afirmam as crianças e jovens. Quanto aos pais, muitos dizem: “Não vejo a hora da volta às aulas!”.

No texto bíblico da peregrinação da família de Nazaré a Jerusalém por ocasião da Páscoa (Lc 2, 41-51), para aquelas crianças que iam na caravana era como um período de “férias”, pois, viajar, estar com os parentes e amigos de outros lugares, fazer paradas diurnas e noturnas para se alimentarem e repousarem sempre supõe uma grande aventura e esta é a grande marca ou memória das férias que depois, no retorno à cidade de origem, sempre rende muitas conversas e lembranças.

Com certeza, Jesus menino pensava assim ao transitar naquela caravana, fazendo amigos, porém, sem deixar de estar perto de José e Maria.

O que nos chama atenção neste texto, foi a “crise” que se instalou, quando José e Maria perceberam que Jesus não estava na caravana quando voltavam para Nazaré. Procuraram na parentela e constataram: Jesus tinha ficado em Jerusalém!

Imaginem o que é procurar uma criança em meio à multidão. De forma particular, Jesus, o Filho de Deus.

Embora a ideia da reflexão não seja focar na possibilidade de filhos perdidos em viagens, gostaria de destacar o desfecho desse momento no templo em que José e Maria encontram Jesus entre os doutores da Lei. O diálogo entre eles se dá num nível de verdade e equilíbrio emocional. “Filho, porque agistes assim conosco? Olha, o teu pai e eu estávamos angustiado à sua procura!” Com certeza, muitos de nós pais teríamos outra reação. Questionaríamos a relação de confiança depositada, os humores seriam extravasados em safanões ou gritos de críticas movido pelo possível sentimento de perda ou de um possível acidente e tudo isso poderia resultar num corte de liberdade e até mesmo a perda da mesada ou do direito de sair com os colegas.

Quantas vezes precisamos falar com nossos filhos para que eles nos obedeçam? Qual o tom de voz que precisamos usar para que eles nos dêem atenção?

De certa forma, quase sempre, nos vemos reagindo ao comportamento de nossos filhos tomando decisões “precipitadas” quanto ao que falamos ou fazemos.

José e Maria foram verdadeiros quanto a expressar sua preocupação, mas não o fizeram sem equilíbrio e coerência. Os filhos sabem quando os pais estão falando sério. Eles sabem que haverá um próximo momento que “de cabeça fresca” haverá continuidade na conversa. Reações exageradas nada ensinam!

Reagir, em muitas das vezes, permite que sejamos controlados e manipulados pelos próprios filhos, pois, nós adultos consideramos o vexame público mas a criança indisciplinada não, e ela acabará sendo controladora da situação.

A autoridade dos pais é concedida pelo Espírito Santo e não herdada de nossos pais. Deus nos coloca, enquanto pais, com autoridade e responsabilidade que deve ser exercida de acordo com os desígnios de Deus, no Seu tempo, e para Seu propósito, de modo que a bondade e o amor de Deus possa ser visto em – e por meio de - nós.

A autoridade exercida de forma arbitrária é opressiva e intimida os filhos. Enquanto que atitudes amorosas, justas na verdade permite que os filhos se aproximem mais de Deus Pai como cuidador generoso.

Para Larry Keefauver, o autor do livro “Pais para toda a Vida”, disciplina ativa significa:

- estabelecer limites antecipadamente;

- esclarecer consequências antecipadamente;

- reagir de maneira adequada às atitudes e aos comportamentos dos filhos.

E ser reativo significa:

- tentar tomar decisões imediatas com relação à correção e às conseqüências;

- reagir às nossas emoções e não às necessidades de nosso(s) filho(s);

- tentar tomar decisões rápidas, em vez de implementar decisões prévias.

Quando Maria diz a Jesus “...teu pai e eu estávamos angustiados, à tua procura”, ela demonstra aqui, consenso entre ela e José. Estar de acordo quanto ao modo de disciplina dos filhos evita que o filho coloque um contra o outro.

O consenso entre José e Maria possibilitou a Jesus a formação do seu caráter humano. Pois o texto afirma ainda que “Jesus desceu com seus pais para Nazaré e era obediente a eles”.

Lembre-se, férias sempre deve ser uma oportunidade de encontros e não de desencontros. Escolha atitudes pró-ativa (ação-reflexão- reação) e atenção nas atitudes reativas (ação – reação).

A Virgem Maria e São José, pela ação do Espírito Santo sejam para nós modelos de educador conforme o coração do Pai amoroso. Boas férias!

Paulo Martins

Membro da equipe nacional do Ministério para as Crianças

Fonte: www.rccbrasil.org.br

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