Vida, desde o princípio, vida

“Já é um homem aquele que o será” (Tertuliano)

Desde o princípio de nossa vida, somos amados por Deus e isso nos faz pensar quando e como seria este princípio. Desde o momento de nossa concepção, após a fecundação estávamos ali. Não era outra pessoa ou coisa, éramos nós mesmos que estávamos ali, com toda nossa carga genética e com a definição de como seria a cor de nossos olhos, nossa pele, como seriam nossos cabelos, nossa voz, enfim, “No princípio do ser há uma mensagem, essa mensagem contém vida e essa mensagem é a vida. E essa mensagem é uma mensagem humana, essa vida é uma vida humana (Professor Jérôme Lejeune, geneticista, descobridor da causa da Síndrome de Down)”.

O útero de uma mãe é o lugar sagrado e o ambiente ideal onde a vida humana em seu princípio é nutrida e cresce dia a dia até o dia de seu nascimento. “Cada mulher participa do «mistério da criação, que se renova na geração humana». Assim diz o Salmo: Senhor, «formaste-me no seio de minha mãe» (Sl 139/138, 13). Cada criança, que se forma dentro de sua mãe, é um projeto eterno de Deus Pai e do seu amor eterno: «Antes de te haver formado no ventre materno, Eu já te conhecia; antes que saísses do seio de tua mãe, Eu te consagrei» (Jr 1, 5). Cada criança está no coração de Deus desde sempre e, no momento em que é concebida, realiza-se o sonho eterno do Criador. Pensemos quanto vale o embrião, desde que é concebido! É preciso contemplá-lo com este olhar amoroso do Pai, que vê para além de toda a aparência (Amoris Laetitia, nº 168)”.

Somos humanos, humanos desde o princípio, humanos desde a concepção. A nossa vida deve ser respeitada, por quê? Porque é sagrada. Desde o seu início ela supõe a ação criadora de Deus e mantém-se para sempre numa relação especial com o Criador, seu único fim. A ninguém é lícito destruir diretamente um ser humano inocente, pois é um ato gravemente contrário à dignidade da pessoa e à santidade do Criador. «Não causarás a morte do inocente e do justo (Ex 23, 7). (Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, nº 466)».

A família é o local não apenas da geração, mas do acolhimento da vida que é um presente de Deus! “Com efeito, Deus, Senhor da vida, confiou aos homens, para que estes desempenhassem de um modo digno dos mesmos homens, o nobre encargo de conservar a vida. Esta deve, pois, ser salvaguardada, com extrema solicitude, desde o primeiro momento da concepção (Gaudium Et Spes, nº 51).”

Infelizmente, muitas crianças são rejeitadas e abandonadas em circunstâncias das mais diversas possíveis. Não se pode punir a criança pelo erro do adulto. Portanto, como o Papa Francisco nos exorta: “Se uma criança chega ao mundo em circunstâncias não desejadas, os pais ou os outros membros da família devem fazer todo o possível para aceitá-la como dom de Deus e assumir a responsabilidade de a acolher com magnanimidade e carinho. Com efeito, <<quando se trata de crianças que vêm ao mundo, nenhum sacrifício dos adultos será julgado demasiado oneroso ou grande (Amoris Laetitia nº 166)>>. ”

Não é apenas a vida que está no útero que é vida, mas a vida que vai nascer, crescer, engatinhar, aprender a andar, falar, que precisa ser educada para ser uma pessoa de bem e sobretudo um cidadão do céu. Filhos são bênçãos e possuem um valor tal quais as palavras do Salmo 126,3-5: “Vede, os filhos são um dom de Deus: é uma recompensa o fruto das entranhas. Tais como as flechas nas mãos do guerreiro, assim são os filhos gerados na juventude. Feliz o homem que assim encheu sua aljava: não será confundido quando defender a sua causa contra seus inimigos à porta da cidade.” Os filhos são dom e alegria, e nós somos os responsáveis pelo seu desenvolvimento e dignidade, a partir de um longo processo de crescimento, do qual dependem de seus pais ou responsáveis adultos.

A vida deve ser valorizada e respeitada em todos os seus momentos. Talvez tenhamos em nossas famílias alguém doente, idosos, que já não consegue fazer muitas coisas sozinho. É importante saber que até o seu declínio é vida, é dom e algo sagrado. Portanto, precisamos cuidar e respeitar com toda dignidade necessária. “O Criador confiou à vida do homem à sua solicitude responsável, não para que disponha arbitrariamente dela, mas a guarde com sabedoria e administre com amorosa fidelidade. O Deus da Aliança confiou a vida de cada homem ao homem, seu irmão, segundo a lei da reciprocidade no dar e no receber, no dom de si e no acolhimento do outro (Evangelium Vitae, nº 76).”

Assim, é preciso proteger toda a vida humana, a partir da sua concepção até o declínio e fim natural, pois toda vida humana é sagrada e é com o nosso testemunho e nossa voz, que podemos contribuir para que se impeça que os fortes eliminem os fracos, os conscientes destruam os inconscientes e os grandes matem os pequenos. Não somos descartáveis, temos uma vida, sagrada desde o princípio.

André e Jacqueline Antonieti Coordenação Estadual do Ministério para as Famílias Renovação Carismática Católica de São Paulo

Fonte: www.rccsp.org.br

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