Lições do Congresso Eucarístico Diocesano Missionário

Prezados irmãos e irmãs da Igreja de Deus que se faz presente na Diocese de Jundiaí:

Nos dias 6 a 8 de novembro deste ano realizou-se o Congresso Eucarístico Diocesano Missionário, que teve como tema: A Eucaristia nos faz Igreja, Comunidade de Amor! Este evento ocorreu dentro da programação preparatória em vista do Jubileu de Ouro que a nossa querida e amada Diocese celebrará no dia 6 de janeiro de 2017, como também dentro do Projeto das Santas Missões Populares, que visa tornar nossa Igreja discípula missionária de Jesus Cristo.

Os Congressos Eucarísticos têm como características: aprofundar a doutrina cristã sobre a Eucaristia; prestar culto público e solene ao Santíssimo Sacramento: adoração e reparação por nossos pecados; manifestar a unidade da Igreja; fortalecer a dimensão missionária da fé cristã; irradiar para a Igreja e a sociedade os frutos da Eucaristia na contribuição de uma sociedade solidária e fraterna.

O primeiro Congresso Eucarístico foi celebrado em 1881, na cidade de Lille (França), por iniciativa de um grupo de fiéis leigos. De lá para cá, a Igreja adotou esta bela prática de realizar um evento de adoração a Jesus Eucarístico. Geralmente, os Congressos Eucarísticos são realizados em âmbito internacional, nacional ou diocesano. O último Congresso Eucarístico Nacional, o 50º, foi realizado na cidade de Dublin, Irlanda, com o tema: A Eucaristia: comunhão com Cristo e entre nós. No Brasil já foram celebrados dezesseis Congressos Eucarísticos Nacionais. O próximo, o 17º, será na cidade de Belém, Pará, com o tema: Eucaristia e partilha na Amazônia missionária, e o lema: “Eles o reconheceram no partir do Pão” (cf. Lc 24,35).

Queridas irmãs e irmãos diocesanos: agora que o Congresso Eucarístico Diocesano Missionário passou, gostaria de salientar três grandes lições que este evento deve marcar para a caminhada da nossa Igreja Particular:

1. Eucaristia e a unidade da nossa Igreja: Todos aspiram existir com os outros em unidade e não na divisão. Infelizmente, as rupturas, divisões, incompreensões não se dão somente na convivência social, cultural, política ou econômica: mas também na nossa Igreja. A divisão entre nós, cristãos e cristãs, é o grande obstáculo, tanto para a edificação da Igreja, como para o cumprimento eficaz e autêntico da sua missão evangelizadora. São Paulo nos adverte severamente: “todo aquele que comer do pão ou beber do cálice do Senhor indignamente, será culpado contra o corpo e o sangue do Senhor” (1Cor 11,27). O Papa Francisco, na homilia que proferiu por ocasião da Solenidade de Corpus Christi deste ano (4/7/2015), afirmou: “Participando na Eucaristia e alimentando-nos dela, somos inseridos num caminho que não admite divisões. Cristo presente no meio de nós, no sinal do pão e do vinho, exige que a força do amor ultrapasse todas as dilacerações”. Peçamos ao Senhor e esforcemo-nos todos para que, celebrando constantemente a Eucaristia, nela encontremos nossa verdadeira identidade. Que o Sacramento do Pão Vivo seja anúncio e força da nossa comunhão eclesial e denúncia profética da divisão que dilacera a Igreja do Senhor. Que a Eucaristia nos faça Igreja, Comunidade de Amor, “um só corpo e um só Espírito” (Ef 4,4).

2. Eucaristia e missão: Jesus nos chama a sermos seus discípulos apaixonados e missionários fervorosos. Ele é exemplo incomparável de cumprimento e realização da missão em plena fidelidade e obediência à vontade do Pai. Portanto, a missão da Igreja não é outra senão a de Cristo. A missão abrange cada membro da Igreja, a fim de que, cada um segundo seu próprio carisma, vocação ou ministério (ministros ordenados, os consagrados, e os cristãos leigos e leigas), continue a obra de Cristo na construção do Reino e na edificação da Igreja. A Eucaristia nos leva a assumir a missão com nova força, pois ela é fonte e força para a missão. E ainda por estar a Igreja Diocesana de Jundiaí seriamente empenhada na realização do Projeto das Santas Missões Populares, é na Eucaristia que renovamos a missão e somos enviados para ela. Como afirma o Papa Francisco, na referida Homilia, a Eucaristia nos faz “levar aos irmãos o amor de nosso Senhor e Salvador. Seremos os seus olhos, que vão à procura de Zaqueu e de Madalena; seremos as suas mãos, que socorrem os enfermos no corpo e no espírito; seremos o seu Coração que ama os necessitados de reconciliação, de misericórdia e de compreensão”. Que a Eucaristia nos faça viver mais ardorosamente a missão da Igreja, Comunidade de Amor, cumprindo o mandato missionário do Senhor da messe: “Eu vos envio como trabalhadores para a minha colheita” (cf. Lc 10,2).

3. Eucaristia, convite para a justiça e a solidariedade: Um dos sinais de vida e de alegria para nós é o banquete festivo, a refeição fraterna. É a necessidade de se reunir e compartilhar, de comunicar e amar, de se alegrar e festejar. Infelizmente, são muitas as pessoas que não podem realizar esta aspiração à plena vida. Milhares de pessoas morrem de fome e sede, de abandono e solidão, de injustiça e exclusão. A Eucaristia realiza e renova o ato de entrega de Jesus para a salvação da humanidade (cf. Jo 15,13), de amor e comunhão com Deus e com todos. Não é possível separar Eucaristia, amor e serviço. Portanto, o pão repartido na Eucaristia transforma-nos em pessoas dispostas a compartilhar, assumindo o compromisso sério e autêntico a favor da fraternidade humana e da justiça. A Eucaristia é um constante desafio posto à qualidade de vida e do modelo de sociedade para cuja construção devemos contribuir, como discípulos missionários de Cristo. De acordo com Mt 25,31-46, o Senhor Eucarístico nos interpela: “Que fez do meu irmão? Como contribui para que a sociedade se renove a partir de sua presença como sal da terra, luz do mundo e fermento na massa?”. Uma vez mais, o Papa Francisco nos adverte: quem não vive a dimensão social da Eucaristia deixa-se ser contaminado “pelas idolatrias do nosso tempo: o aparecer, o consumir, o eu no centro de tudo; mas também o ser competitivo, a arrogância como atitude vencedora, o nunca termos que admitir que erramos, que temos necessidade. É tudo isto que nos avilta, que nos torna cristãos medíocres, tíbios, insípidos, pagãos”. Que a Eucaristia, a exemplo dos primeiros cristãos, nos faça repartir o que somos e o que temos, sendo Igreja, Comunidade de Amor, contribuindo para construir uma sociedade “onde ninguém passa necessidade” (cf. At 4,34).

Queridas irmãs e irmãos diocesanos: o apelo de Maria aos serventes das mesas, nas bodas de Caná: “Fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,5), ressoa perenemente na Igreja, conduzindo os fiéis a cumprir o testamento eucarístico de Jesus: “Fazei isto em memória de mim” (Lc 22,19). Rendamos nossa sincera ação de graças a Deus por todas as maravilhas que Ele operou nestes dias do Congresso Eucarístico Diocesano Missionário, suplicando-Lhe que este evento marque profundamente a unidade da nossa Igreja, nossa vocação missionária e nosso compromisso social.

E a todos abençoo.

Dom Vicente Costa

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